Os grilhões de hoje
Mesmo tendo se passado mais de 120 anos da assinatura da Lei Áurea que proíbe o trabalho escravo no Brasil, as condições de trabalho ainda estão muito longes de ser consideradas ideais. Somente em 2002 foram libertados 2.306 trabalhadores escravos nas áreas rurais do país pelo Ministério do Trabalho. Em 2004 foram 4.932. No entanto , esta situação não se restringe somente ao Brasil. Um estudo publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Organização das Nações Unidas, em Maio de 2005, indica que existem cerca de 12,3 milhões de escravos no mundo todo, dos quais entre 40 e 50% são crianças.
No entanto, hoje não são os grilhões ou barreiras físicas que impedem o trabalhador escravo de se libertar. Muitas vezes o próprio trabalhador não se enxerga como um escravo, pois ainda está preso àquele esteriótipo do escravo negro. E por mais que haja uma conscientização, a libertação ainda é impossível pois ficam presos à dívidas (inexistentes) com seus patrões. A mão-de-obra mais utilizada aqui no Brasil é oriunda de países como o Paraguai, Uruguai e principalmente Bolívia e utilizadas tanto no meio rural quanto urbano.
Ao contrário do que muitos imaginam a escravidão não se restringe somente ao meio rural, em atividades como a carvoaria. Muitas marcas famosas e utilizadas por nós são fabricadas principalmente por paraguaios, uruguaios e bolivianos que trabalham em condições desumanas. Recentemente o trabalho escravo utilizado pela fabricante de roupas da marca Zara foi desmacarado pelo programa A Liga. Além dela muitas outras marcas, também populares foram acusadas de utilizar mão-de-obra escrava, como Pernambucanas, Marisa e C&A.
Além de infringir a lei trabalhista, o trabalho compulsório também vai contra os Direitos Humanos, atentando contra a vida do trabalhador, que muitas vezes são mulheres e crianças. Felizmente a fiscalização da prática tem se ampliado e autuando diversos varejistas desde 1995. Mas a atuação ainda é tímida, visto que provavelmente devem existir milhares de trabalhadores vivendo nestas situações e nem sabem como garantir seus direitos nem quais são. O trabalho antes de tudo deve assegurar a dignidade do ser humano.